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Diagonalização


A diagonalização é um conceito em álgebra linear que envolve transformar uma matriz quadrada em forma diagonal. Em termos simples, diagonalização é o processo de encontrar uma matriz diagonal que seja semelhante a uma matriz quadrada dada. Esse processo é incrivelmente útil porque matrizes diagonais são a forma mais simples de matriz e são bastante fáceis de trabalhar, especialmente para cálculos que envolvem potências de matrizes e resolução de equações diferenciais.

Antes de entrar na diagonalização, é importante se familiarizar com alguns conceitos básicos como matriz, autovetores e autovalores, pois eles desempenham um papel vital na diagonalização.

Compreendendo matrizes

Uma matriz é uma disposição retangular de números que pode ser usada para representar transformações lineares e sistemas de equações lineares. Uma matriz com m linhas e n colunas é chamada de matriz mxn:

A = [a 11 a 12 a 13
     a 21 a 22 a 23
     a 31 a 32 a 33 ]

Neste exemplo, a matriz A é uma matriz 3 x 3.

Autovalores e autovetores

Um dos conceitos-chave da diagonalização é autovalor e autovetor. Suponha que A seja uma matriz quadrada. Um vetor não-nulo v é chamado de autovetor de A se existir um escalar λ (lambda) tal que:

 a * v = λ * v

Nesta equação, λ é chamado de autovalor associado ao autovetor v. Essencialmente, quando uma matriz atua em um de seus autovetores, ela simplesmente o estende ou contrai sem mudar sua direção.

Processo de diagonalização

Para determinar se uma matriz A é diagonalizável, precisamos ver se ela pode ser expressa como:

 A = P * D * P -1

Aqui, a matriz D é uma matriz diagonal e a matriz P é uma matriz inversível cujas colunas são os autovetores de A. Os elementos diagonais de D são os autovalores de A.

Vamos delinear os passos para diagonalizar uma matriz:

Passo 1: Encontre os autovalores

Os autovalores da matriz A são encontrados resolvendo o polinômio característico:

 det(A - λI) = 0

Aqui, I é a matriz identidade do mesmo tamanho que A, e λ denota os autovalores.

Passo 2: Encontre os autovetores

Determine os autovetores resolvendo para cada autovalor:

 (A – λI)v = 0

As soluções v são os autovetores associados ao autovalor λ.

Passo 3: Crie as matrizes P e D

Construa a matriz P utilizando os autovetores como colunas. A matriz diagonal D terá os autovalores em sua diagonal.

Passo 4: Verifique a diagonalização

Verifique que:

 A = P * D * P -1

Se esta equação for verdadeira, então a matriz A é diagonalizável.

Exemplo

Considere a matriz:

 A = [4 1
     2 3]

Passo 1: Encontre os autovalores

O polinômio característico é:

 det(A - λI) = det([4-λ 1
                          2 3 - λ])

Calcule o determinante:

 (4 – λ)(3 – λ) – (2)(1) = λ 2 – 7λ + 10

Defina esta equação como zero e resolva para λ:

 λ 2 - 7λ + 10 = 0

Vamos fatorar isso em:

 (λ – 5)(λ – 2) = 0

Assim, λ = 5 e λ = 2 são os autovalores.

Passo 2: Encontre os autovetores

Para λ = 5, resolvemos:

 (A – 5I)v = 0
 [4-5 1 
   2 3-5]v = [-1 1 
              2 -2]

Resolvendo o sistema, encontramos os autovetores:

 v 1 = [1 
                   1]

Para λ = 2, resolvemos:

 (A – 2I)v = 0
 [4-2 1 
   2 3-2]v = [2 1 
              2 1]

Resolvendo o sistema, encontramos os autovetores:

 v 2 = [1 
                   -2]

Passo 3: Crie as matrizes P e D

Crie a matriz P e a matriz diagonal D utilizando os autovetores:

 P = [1 1 
      1 -2]
 D = [5 0 
      0 2]

Passo 4: Verifique a diagonalização

Agora, verifique que multiplicar P, D e P -1 resulta na matriz original A:

 P * D * P -1 = [1 1 
                           1 -2] * [5 0 
                                    0 2] * [1 1 
                                            1 -2]

Isso confirma que a matriz A é diagonalizável.

Por que a diagonalização é útil

A diagonalização simplifica enormemente muitos cálculos de álgebra linear. Por exemplo, quando uma matriz é elevada a uma potência elevada, a diagonalização permite que o processo seja viável e simples. Vamos ver um exemplo de elevar nossa matriz A à terceira potência:

Exemplo: eficiência computacional

Ao invés de multiplicar A por si mesma várias vezes, A 3 é simplificada usando diagonalização:

 A 3 = (P * D * P -1) 3 = P * D 3 * P -1

Calcule D 3 elevando cada elemento diagonal de D à terceira potência:

 D 3 = [5 3 0 
                   0 2 3]
                 = [125 0 
                    0 8]

Agora, calcule:

 A 3 = P * D 3 * P -1

Computar essa multiplicação é geralmente direto. A diagonalização oferece vantagens computacionais práticas em uma variedade de aplicações, como transformar sistemas de equações lineares, calcular eficientemente expoentes de matrizes, simplificar transformações lineares, entre muitas outras.

Limitações e condições

Embora a diagonalização simplifique bastante os cálculos, nem toda matriz pode ser diagonalizada. A diagonalização só é possível se a matriz tiver autovetores linearmente independentes suficientes para formar a matriz P. Especificamente, uma matriz nxn somente pode ser diagonalizada se tiver n autovetores linearmente independentes. Matrizes que não possuem esses autovetores ou têm autovalores repetidos, sem autovetores correspondentes que possam formar o conjunto n linearmente independente necessário, não são diagonalizáveis. Essas matrizes são chamadas de matrizes defeituosas.

Compreender quando a diagonalização é possível é importante para determinar como simplificar efetivamente operações complexas de matrizes. Esse processo também se estende além da matemática pura para campos aplicados, como física, engenharia e ciência da computação, onde transformações lineares são importantes.


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